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O dia amanheceu cinzento e frio. Uma lista negra, que riscava o horizonte de ponta a ponta, ameaçava chuva, indiciando um dia de S. Martinho invulgar. Com o passar das horas, as nuvens deram lugar ao sol mas, contrariamente a esta época do ano, ele apareceu tímido e pouco risonho. Talvez os deuses do Olimpo, valendo-se do seu paganismo helénico, quisessem condicionar a comemoração de uma festa de tradição cristã…talvez quisessem, apenas, divertir-se um pouco ou, fazendo despoletar antigas querelas feéricas, mostrar o seu poder celeste como o haviam feito outrora, em tempos de conquista e descoberta…talvez…talvez seja, simplesmente, porque o Outono chegou. Este ano, com efeito, não fomos brindados com o “Verão de S. Martinho” mas, nem por isso, os ânimos esmoreceram! O passado dia onze foi comemorado, na Escola, com muito entusiasmo.
As actividades estiveram a cargo dos alunos dos cursos de Apoio à Família e à Comunidade e de Técnico de Turismo Ambiental e Rural sob a orientação dos docentes Sandra Lázaro Eira, Maria de Lurdes Duarte e Carlos Almeida, respectivamente.


Montra de Sabores do Outono


A manhã foi preenchida com a “Segunda Montra de Sabores do Outono” que, à semelhança do ano transacto, foi um êxito. Alunos e professores empenharam-se muito na confecção das iguarias, e na decoração da sala de convívio dos alunos, onde decorreu a exposição dos pratos. Trazendo o Outono para dentro da Escola, as tonalidades ocres e acastanhadas sobressaíram na ornamentação das mesas, e do espaço em si, criando uma atmosfera dourada e outonal que, nem por isso, deixou de ser convidativa, antes pelo contrário! Utilizando ingredientes maioritariamente típicos desta época do ano, com o predomínio dos frutos secos – nozes e castanhas – elaboraram-se bolos, biscoitos e bolinhos que fizeram as delícias de quantos visitaram a exposição, funcionando, também, como uma espécie de postal gastronómico da região. Por outro lado, esta actividade teve, ainda, como objectivo preparar os discentes do curso de Apoio à Família e à Comunidade para o trabalho a desenvolver, futuramente, junto de instituições, centros, lares de idosos.

Procissão dos bêbados


Os alunos do curso Técnico de Turismo Ambiental e Rural encarregaram-se de animar o período da tarde, fazendo reviver tempos pretéritos. A tradição! Sempre que pronunciamos esta palavra, que a lemos e escrevemos há um halo do passado que nos toca! Contudo, quantas vezes o pó dos anos tenta abafá-la e escondê-la, fazê-la perdida ad eternum? Quantas vezes se torna irrecuperável?... Quantas vezes lamentamos a sua perda?... Porque é sempre bom preservar a tradição, porque é um caminho que nos leva aos antepassados, e porque…– deixando, agora de lado qualquer tipo de pretensão de índole literária – é giro reviver as tradições, os alunos fizeram a recriação do “S. Martinho dos Esporões”, uma pequena povoação da freguesia de Tarouca, onde o S. Martinho é comemorado, há muitos anos, de forma peculiar.
Vestidos a preceito, munidos de tochas – as chamadas lumeeiras –, transportando cruzes e um pálio, os discentes, numa atitude figurativa, percorreram as ruas de Tarouca, em procissão, – a procissão dos bêbados – terminando o percurso no recreio da Escola. 

Dramatização do sermão do bispo

Perante os presentes (professores, alunos e funcionários) os alunos do curso de Técnico de Turismo Ambiental e Rural terminaram a sua actuação com o sermão do bispo, ponto mais alto e engraçado da tarde. Tendo-se feito esperar, chegando a cavalo e acompanhado de seguranças, o bispo dirigiu-se ao palanque, montado para o efeito, e iniciou o seu sermão, mais jocoso do que moral, eivado de crítica social. Este discurso comédia, redigido pelos alunos, findou ao som de concertinas, tendo sido recebido com bonomia e uma grande ovação.
A tarde prosseguiu com jogos tradicionais (malha e corrida de sacos) e com o magusto propriamente dito, onde foram servidos sumos e castanhas. Para terminar o magusto em grande, os discentes formaram uma enorme castanha humana!
A par destas actividades houve, ainda, exposições acerca do vinho e da castanha. Os alunos elaboraram cartazes sobre as castanhas, a cultura do castanheiro, no nosso país, e a observação da castanha ao microscópio. Fizeram, ainda, uma apresentação multimédia sobre a lenda de S. Martinho.
A Biblioteca da Escola dinamizou, também, um conjunto de actividades alusivas ao tema com quadras populares sobre o S. Martinho, leitura de contos, uma exposição sobre a vida de S. Martinho e a origem da lenda.